A genteney entrevistou Rodrigo Lima, vocalista da banda de hardcore Dead Fish. Ele falou um pouco sobre a banda, novo CD, viagens internacionais e muito mais! A banda, já com mais de 20 anos de carreira, voltou à cena independente do país e lançou seu melhor álbum de trabalho até o momento, segundo o Rodrigo.
O álbum – Vitória, em homenagem à cidade natal da banda, capital do Espírito Santo – foi feito através de parcerias com fãs pelo Catarse e lançado alguns meses depois, no início deste ano. Ainda não ouviu? A genteney sim!! E é claro que recomendamos. Ouça aqui!!
Confira um pouco do atual momento da banda, em exclusiva ao GENTENEY:
O que mudou no Rodrigo do início do Dead Fish para o Rodrigo de hoje?
A idade mudou bastante. Mais velho e muitas prioridades mudam, algumas poucas idéias e a parte física começa a ter mais relevância que antes.
O que você mais sente falta dos primórdios da banda?
De ser algo mais entre amigos, aquele lance de andar com o cara e depois do colégio ou trabalho ensaiar, dar risada, falar de outras bandas, conversar sobre tudo mesmo, basicamente amizade. Hoje somos muitos mais profissionais e esta questão de estar junto todo tempo nem é possível, temos nossas famílias, nossas questões pessoais. Com o tempo, ter uma banda como a minha acaba se tornando um trabalho como qualquer outro, o que na minha visão nem sempre é a melhor coisa. Lutamos tanto pra poder viajar e termos uma estrutura legal pra fazer os shows que encarar com o olho de um trabalhador “comum” não é muito legal, mas acontece. Já me peguei reclamando da vida dentro de um hotel legal numa cidade que nunca visitaria se fosse advogado, por exemplo. Tenho o melhor trabalho do mundo e, às vezes, se entrarmos no automático, a gente esquece. Ainda bem que existe o palco toda noite pra lembrar que somos privilegiados.
A banda, ela já teve algumas mudanças de formação, em algum momento isso afetou no modo de pensar e nas letras do Dead Fish, você chegou a pensar na possibilidade da banda acabar?
A banda já acabou em 1996, por quase um ano, depois da morte do meu pai e por dias, em 2003, depois que nosso selo fechou e eu queria mesmo era ver o Dead Fish pelas costas depois de três anos em tour e as coisas dando erradas demais. Hoje eu penso em acabar com a banda uma vez por mês só, é o melhor tempo da banda (risos). Estou feliz com o trabalho novo e com a estrutura que temos.
Se você pudesse voltar no tempo, o que você faria e não faria, em relação ao Rodrigo e a Banda Dead Fish?
Muitas coisas. Somos a banda que mais errou durante toda sua existência e talvez a gente continue errando. O nosso maior aprendizado sempre foi esse mesmo: Aprender com os erros. Pessoalmente, arrisco menos do que a banda, mas também tenho muitos erros que, se não me arrependo totalmente, gostaria que não tivessem acontecido.
No DVD MTV Apresenta: Dead Fish, qual foi a emoção sentida naquele show?
Era uma carga de energia muito grande. Grandes amigos, uma banda fazendo vinte anos, famílias envolvidas, o Daniel Ferro tirando o melhor da minha energia. Foi um dia inesquecível.
Vocês chegaram a fazer shows fora do país. Para você, qual a diferença do público lá em relação ao daqui?
Na Argentina e no Chile, o público é bem quente. Os caras batem palma diferente, dão um valor brutal por estarmos ali. Mas basicamente a organização e a parte técnica é igual à brazuca. Já na Europa, principalmente na Alemanha, tudo é mais organizado. Se o público no começo é mais frio e observador, eles ganham nos horários de show, organização, educação e honestidade. São perfeitos em tudo nessa parte. Nunca subimos ao palco, num squat que seja, um minuto atrasado. Em nenhum momento tivemos problemas com van ou equipamento, tanto da banda como nos palcos. Foi, talvez, a minha maior experiência com a música independente que tive. Você volta acreditando muito que as coisas são realmente viáveis pra qualquer nicho cultural.
Qual a música e o álbum do Dead Fish que você mais gosta?
Eu sempre gosto mais das do último álbum, que é o Vitória. Gosto de Cara Violência, Lupita, Sem sinal.
O álbum Vitória teve muitas críticas, boas e ruins, da parte dos fãs. Mas pra você, o que esse trabalho significa?
Eu acho o melhor álbum que já fizemos, e olha que sou bastante crítico ao meu trabalho com o Dead Fish, e posso te afirmar que, tanto pessoalmente quanto com a banda, foi perfeito estar em estúdio e toda a produção. Que disco!
Como andam os projetos paralelos?
Devagar quase parando. Eles existem, mas como estou tocando muito com o DF, realmente focar em outra coisa é mais lento mesmo.
Um titulo de álbum que você daria se tivesse que escrever sobre o Brasil atual?
Macunaíma nazi grind soul death cordial
O show mais marcante do Dead Fish pra você?
Difícil responder. Os três últimos, em Maceió, Aracaju e Salvador.
Quais são as influencias do Rodrigo? E quais você passou para o Dead Fish?
São várias. Na música, basicamente punk, rap e hardcore. Na leitura, Marx, Stirnner, H. Miller, Tragtenberg, Hesse, Piva e mais um monte de gente.
Hoje tem muita banda surgindo. Algumas começam no underground e acabam mudando o foco. Seu conselho para essas bandas?
Façam o que amam ou sejam infelizes pra sempre, ricos ou pobres.
A equipe do Genteney agradece ao Rodrigo pela entrevista exclusiva. Espero que vocês tenham gostado, porque nós amamos! Fique com a genteney para saber mais sobre a banda e aproveite para ver o clipe da música Vitória: